Origem: Jardinópolis, Santa Catarina. Destino: Mundo, Via Láctea. E não é que esse piá catarinense sonhava, ainda de "carça curta", em ganhar a vida contando histórias? Pra falar sobre o catarinense James Alberti, um cronista do cotidiano, tenho qe me socorrer, logo de cara, a um cronista da vida, o curitibano Paulo Leminski que mandou: "Isso de querer ser exatamente aquilo que a gente é, ainda vai nos levar além".
James começou a ser exatamente o que é ao fazer o curso de jornalismo da Universidade do Vale do Itajaí (Univali). A vida acadêmica não parou aí: pós-graduação em audiovisual na PUC-PR e em produção e direção de documentário pela UniCurititba.
E a "folha corrida" de bons serviços prestados ao jornalismo é grande e foi premiada: Em jornal impresso trabalhou na Folha de Londrina e no A Notícia, de Santa Catarina. Em 16 anos trabalhou como produtor da RPC (afiliada da Globo no Paraná).
Foi na televisão que ganhou a maior premiação do jornalismo brasileiro, o Prêmio Esso. Foi o vencedor ao lado dos colegas Gabriel Tabatcheik, Katia Brembatti e Karlos Kohlbach. O reconhecimento veio com a série de reportagens "Diários Secretos" que escancarou denúncias de corrupção na Assembleia Legislativa do Paraná, em 2010.
E não ficou "apenas" no Prêmio Esso. Ele empilhou, na prateleira: Prêmio Tim Lopes de Jornalismo Investigativo; Prêmio Latino Americano de Jornalismo Investigativo; premiações do Instituto Prensa y Sociedad; do Global Shining Ligth Award; da Global Investigative Journalism Network.
E fazer jornalismo investigativo é uma das atividades mais arriscadas na área de comunicação. Em 2015, por causa de uma série de reportagens que denunciavam corrupção no governo estadual, foi ameaçado de morte e precisou morar um período no Canadá.
Mas o trabalho investigativo foi mais uma vez premiado. De volta ao Brasil, trabalhando no Fantástico (depois de ser demitido em outubro de 2016 da RPC sem nenhuma justificativa plausível), venceu o Prêmio Latino Americano de Jornalismo Investigativo com uma reportagem sobre os catálogos suspeitos das delegacias brasileiras que levavam inocentes para a prisão.
Ainda: Fez parte da equipe da TV Globo finalista do prêmio Emmy pela cobertura do assassinato da vereadora Marielle e do motorista Anderson.
Com uma visão progressista da vida, Alberti contou, na homenagem que recebeu do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná, que quando trabalhava em jornal, era "acusado" por colegas que, ironicamente, o chamavam de "esquerda de botequim". Disse James: "Pois bem... a esquerda de botequim venceu! E eu ainda gosto de botequim..."
Pra terminar, vou em busca de um cordel baiano que trata da "peleja do oficio da verdade verdadeira". Destaco três trechos de um longo texto:
Inteligente é o jornalista
Sujeito muito letrado
Da notícia, segue a pista
E nunca fica cansado
Se não fosse esse artista
Brasileiro seria desinformado
[...]
Nunca sente medo
Não se vê encurralado
Se o fato é segredo
Ele não fica sossegado
Enquanto não põe o dedo
E vê o caso encerrado
[...]
Assim trabalha o jornalista
O dia inteiro agitado
Da vida, é especialista
Da Justiça, é contratado
Do povo, é boca, orelha e vista
Da gente, muito obrigado