terça-feira, 28 de janeiro de 2025

O ADEUS À MARINA COLASANTI : "UMA CASA SEM LIVRO PARA MIM É INCONCEBÍVEL"

     


    Morreu nessa terça-feira em casa, no Rio de Janeiro, a escritora Marina Colasanti. Ela estava com 87 anos. Escritora, jornalista, poeta e tradutora. Dedicou uma grande parte do seu trabalho para a literatura infantil. Nessa área, foi uma das escritoras brasileiras mais premiadas no mundo.
    Filha de italianos, nasceu na África em Asmara, capital da Eritreia. O pai trabalhava para a Confederação das Indústrias da Itália por isso morava em alguns países. Ao Rio de Janeiro chegaram em 1948. 
    Marina trabalhou no Jornal do Brasil - a partir de 1962 - e começou na literatura em 1968 com "Eu Sozinha".
    Entre contos, coletâneas de arquivos, crônicas, ensaios, livros infantis e juvenis e poesia, escreveu um total de 57 obras. O último foi "Mais Classificados e Nem Tanto" (2019). Em 2010 escreveu a autobiografia "Minha Guerra Alheia".
    Prêmios foram vários. Ao todo, 31. Só o Jabuti - considerado o mais importante da literatura brasileira - foram 6: 1993, 1994, 1997, 2010, 2011 e 2014.
    Em 2023 se tornou a primeira mulher a receber o prêmio Machado de Assis pelo conjunto da obra. Essa premiação é entregue pela Academia Brasileira de Letras.
    Foi casada com o também escritor Affonso Romano de Sant'Ana, que está com 87 anos. É apenas seis meses mais velho do que ela.
    Numa entrevista ao Museu da Pessoa (um museu virtual criado em São Paulo em 1991), Marina falou sobre a importância dos livros na vida dela desde a infância. Em 2008, deu a seguinte declaração:

    "Eu não tenho lembrança de ausência de livro na minha vida. Eu sou de uma cultura leitora. Um país... Mais do que um país, a Europa. A Europa é leitora, a Itália é um país leitor, então uma casa sem livro pra mim é inconcebível. Eu nunca ganhei um primeiro livro, os livros estavam ao meu redor sempre. Quando eu não sabia ler, a minha mãe lia pra mim. Então depois é que eu aprendi a ler. É um contínuo. Não tem um momento que o livro entra, o livro sempre esteve."