"Hay gobierno, soy contra!" A partir de primeiro de janeiro de 2025, parte dos 20% que votaram na chapa "progressista" liderada pelo socialista Ducci (PSB), já podem esquecer o que fizeram na eleição passada. Na avaliação (de boa parte) dos esquerdistas, dos centristas e dos direitistas, a missão era: evitar que Curitiba ficasse pior.
E foi o que aconteceu. Já pensou... uma secretária de Saúde que era conhecida como "doutora Cloroquina" na cidade dela vir a comandar essa área na capital paranaense? O (ainda) prefeito Rafael Greca (PSD) deu o tom na campanha e depois da eleição: "Curitiba não é negacionista!".
A adversária do prefeito eleito Eduardo Pimentel (PSD) ainda acabou "produzindo provas contra si mesma" com aquela história da passagem de ônibus mais cara para quem mora mais longe. Não sei se por "convicção" ou por não saber explicar direito qual era a proposta, isso assustou boa parte do eleitorado.
Tem, ainda, o caso da saúde: Pintou a sugestão de restringir o atendimento médico/hospitalar para moradores de cidades da região metropolitana. Você não acha , amiga(a) leitor(a) que isso colocou o povo dessas cidades em pé-de-guerra contra a candidata Cistina Graeml (PMB)? E que esse povo enfurecido não influenciou parentes e amigos que moram na capital?
O que se ouviu, também, foi uma antipatia de parte do eleitorado com o tom de voz da candidata que, para esses eleitores, transmitia arrogância, mesmo se esse não fosse o propósito.
Do outro lado, um candidato que entendeu direitinho a cartilha da dupla Greca/Ratinho Junior (ambos do PSD) e rezou pelo livro sagrado do jeito curitibano de administrar que vem desde o já longínquo tempo de Jaime Lerner. O competentíssimo arquiteto Lerner revolucionou a cidade. A partir dele, um grupo passou a admirá-lo e a louvá-lo. E entre uma eleição e outra (quando não está no poder) essa turma volta à prefeitura sempre defendendo esse legado. Passou a valer a apostila "O jeito Jaime Lerner de gerenciar uma cidade".
E gerações e gerações de moradores do município foram conhecendo essa história e sempre dando - literalmente - um voto de confiança em que se apresenta como representante da turma.
Os números finais contam muito sobre tudo isso.
EDUARDO PIMENTEL ..................... 531.029 votos
CRISTINA GRAEML ......................... 390.254 votos
A votação final não deixa dúvidas quando ao resultado.
E tem um outro número que chama muito a atenção:
432.408 mil pessoas não apareceram para votar. A abstenção foi maior do que o número de eleitores que votaram na segunda colocada.
Mas surpreendeu o (baixíssimo) número de brancos e nulos. Bora lembrar que muita gente afirmou que "anularia" o voto. Não foi bem assim...
O que se pode concluir? A votação de Graeml no primeiro turno (e mesmo no segundo) foi surpreendente. Agora resta saber o que ela pretende fazer para as próximas eleições. Foi uma disputa isolada? Pretende seguir na política? Pelo menos nessa eleição, se saiu muito bem. Agora cabe a ela administrar esse patrimônio de quase 400 mil votos por 2 anos. Se elegeria, facilmente, deputada federal com essa votação.
Mas tem o seguinte: Cada eleição é uma história. Depende tudo da conjuntura do momento.
E Pimentel? Pode pintar com uma nova liderança na direita. Substituir Greca? Impossível pelo carisma incomparável do atual prefeito. Mas com os padrinhos que tem e se fizer uma boa administração, também pode buscar uma liderança. Mas num caminho próprio dentro do grupo.
E tem que sonhar grande pra voar alto. Quem sonha pequeno, voa baixo.