Esse voo do negócio já vinha com turbulência há algum tempo. A Corte Arbitral de Nova York decidiu que a Boeing terá de pagar uma espécie de indenização à Embraer de 150 milhões de dólares (quase 900 milhões de reais) por desistir da fusão. A empresa americana compraria 80% e 20% ficariam com a brasileira, com as divisões de defesa e viação executiva.
Foram 4 anos de disputas nos tribunais na base do "como é que é, paga ou não paga?" O negócio foi anunciado em 2017 e com um preço de 4,2 bilhões de dólares (hoje seriam 5,2 bi que equivaleriam a quase 30 bi de reais). Era a época do governo Michel Temer (MDB). Bom destacar que o governo brasileiro não tem mais o controle acionário desde 1994 quando o presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) privatizou a companhia. Mas o poder público tem uma ação especial chamada de golden share, que lhe dá o poder de veto em decisões importantes. A empresa foi criada em 1969, pela ditadura militar porque queria uma indústria aeronáutica no Brasil.
Então quer dizer que... "A Embraer é nossa, aha, uhu" ? Não é bem isso. A Embraer é uma empresa privada com o capital "pulverizado", sem controlador. Os principais acionistas: BNDESPar, Brandes Ivestment Partners , Blackrock (ambos dos EUA) e Investment Partners (do Reio Unido).
Ou seja, grandes grupos que reúnem investidores.
E por que a Boeing vai ter de pagar essa indenização gigantesca? O UOL me informa que seria uma "compensação" pelo o que a Embraer investiu para destrinchar a empresa.
Será que a Embraer vai ter facilidade pra receber essa grana toda? Difícil afirmar. A Boeing, uma das gigantes da aviação está com problemas de caixa, enfrenta uma greve de empregados e a concorrência da Airbus europeia. Num último balanço, a companhia americana entregou 528 aviões e a Airbus, 735.
