Ecos (ainda!) da cerimônia de abertura da Olimpíada de Paris. A extrema-direita lá na França (e em outros países) e no Brasil, surtou, teve piti, com um momento que "leu" como sendo uma heresia: A organização dos jogos teria "criado" a representação de uma Santa Ceia "drag" (já que um dos objetivos da competição é o respeito à diversidade).
O "rasgo" foi à toa. Não foi nadica de nada disso. O diretor artístico da cerimônia, Thomas Jolly negou a referência. Em entrevista à rede de TV BFMTV, ele mandou:
"Nunca encontrará da minha parte nenhum desejo de zombar, de difamar nada. Quis fazer uma cerimônia que reparasse, que reconciliasse, Também que reafirmasse os valores da nossa República".
E para aqueles que ainda sapateiam e soltam gritos histéricos contra a festa, ele desenhou:
"A ideia era mais fazer um grande festival pagão conectado com os deuses do Olimpo... Olympus... Olimpismo".
A intelectual Céline Falardeau também trouxe uma explicação:
Por que a indignação da extrema-direita e de conservadores com uma representação que eles "supunham" ser da Santa Ceia pintada por Leonardo da Vinci? Com certeza, o motivo não foi a Santa Ceia estar no no entretenimento, Foi porque participaram pessoas LGBTQIAPN+.
E ainda há que se perguntar: Mesmo que fosse a Santa Ceia, que mal haveria? E mesmo com a participação de drag queens, qual o problema? Elas também não são filhas de Deus? Não é isso que o princípio Cristão defende: "Amai-vos (e respeita-vos) uns aos outros?"
Abaixo, o quadro pintado pelo artista holandês Jan Van Bijolert. A obra representa a chegada de Dionísio, o deus do vinho e das festas. O quadro "A Festa dos Deuses" teria sido produzido entre 1635 e 1640.