Com o atentado ao ex-presidente Donald Trump, supostamente praticado por um rapaz de apenas 20 anos, vem, à memória de todo mundo, o assassinato do presidente John Kennedy em 1963. Também me faz lembrar de vários filmes sobre a morte de Kennedy.
Um deles é "O Assassinato de Um Presidente" que mistura ficção com imagens e depoimentos reais. Foi produzido em 1973 com direção de David Miller e estrelado por Burt Lancaster e Robert Ryan. Ninguém "interpreta" o ex-presidente. Ele aparece em imagens de arquivo.
O filme é baseado no livro "Rush to Judgement", de Mark Lane e roteirizado pelo ótimo Dalton Trumbo. É a história de um trio de empresários poderosos que planejam o assassinato de Kennedy. Para eles, JFK deve ser retirado da Presidência por "dar mole" para o comunismo, suas políticas de esquerda e de direitos humanos.
Uma das coisas mais interessantes do filme é que mostra como seria o treinamento de assassinos. O treino passa por atirar em alvos móveis em carros. É calculada a distância, a altura em que está o atirador e a velocidade do veículo.
Lee Oswald, que, "oficialmente", é o matador, é mostrado no filme como um sujeito todo atrapalhado, perturbado, um pateta. Teria sido o bode expiatório da história. Em depoimentos aparece dizendo: "Me acusam de matar o presidente. Eu não matei ninguém!"
Não é especulação só desse filme. Mas muita, muita gente, tem dúvidas sobre a culpa de Lee Harvey Oswald. "O Assassinato de Um Presidente" nem coloca Oswald como o atirador.
E mostra que o crime teria sido praticado por mais de uma pessoa.
Sobre Trumbo, autor do roteiro: Pode ser que, para você, o nome Dalton Trumbo (1905-1976) não seja estranho. Há um motivo. Em 2015, a vida dele foi dramatizada no filme "Trumbo". Bryan Cranston fez o papel do roteirista com direção de Jay Roach. Cranston foi indicado ao Oscar de Melhor Ator.
Dalton Trumbo fez 30 filmes, vários clássicos, entre eles, "Spartacus"(1960) e "Papillon" (1973). Ele teve intensa atividade política e foi até filiado ao Partido Comunista dos Estados Unidos. Chamado para depor na famosa Comissão presidida pelo senador Joseph McCarthy (que investigava a infiltração de comunistas em Hollywood), se recusou a depor e a entregar colegas que tinham atividades de esquerda. Por isso, passou 11 meses preso.
Em 1993, Dalton Trumbo recebeu (postumamente) o Oscar de Melhor Roteiro Original pelo filme "Roman Holiday" ("A Princesa e o Plebeu", no Brasil), de 1953. Quem levou o crédito no filme foi Ian McLellan que topou servir de fachada para o trabalho de Trumbo, que vivia no México, depois de deixar a prisão.
* O filme pode ser encontrado no canal Looke, da Claro. Também pode estar no YouTube.