O jato Boeing 737-800 acomoda de 162 a 189 passageiros. Daria para levar tranquilamente as autoridades liberadas pelos poderes executivo, legislativo e judiciário para o Fórum de Lisboa - que todo ano ocorre na cidade - e é comandado pelo ministro do STF, Gilmar Mendes.
Esse ano, cerca de 160 autoridades foram liberadas para o "encontrão" na capital portuguesa que vai ter, ainda, a participação de empresários. Esses os principais interessados no convescote lusitano.
A organização é do IDP - Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa - do qual Gilmar é sócio (é perfeitamente legal a participação dele na sociedade). Também estão entre os organizadores a FGV - Fundação Getúlio Vargas e a Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.
Até agora, o STF só confirmou a participação dos ministros Gilmar Mendes, Cristiano Zanin e do presidente da corte, Luís Roberto Barroso. A ida deles vai ser bancada, segundo o tribunal, "pela organização".
Como ninguém é de ferro, da Câmara Federal devem ir 18 pessoas (parlamentares e servidores), entre eles o presidente da "casa", Arthur Lira (PP-AL). Também poderão acompanhar o fórum, o presidente do Banco Central, Campos Neto, e os governadores do Rio de Janeiro, Cláudio Castro; de São Paulo, Tarcísio de Freitas; de Goiás, Ronaldo Caiado; e de Tocantins, Wanderlei Barbosa Castro, que leva uma comitiva enorme: 14 pessoas. A organização do encontro deve financiar a ida do diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues.
STJ e CNJ afirmaram: Não desembolsaram dinheiro para mandar representantes.
O UOL me informou que cinco ministros do governo Lula (PT) vão participar com despesas pagas pelo poder público: Anielle Franco (Igualdade Racial); Alexandre Silveira (Minas e Energia); Jorge Messias (Advocacia-Geral da União); Luciana Santos ( Ciência, Tecnologia e Inovação); e Vinícius Marques (Controladoria-Geral da União).
O que precisaria existir: Transparência nas despesas da viagem. Muitas dessas autoridades usam dinheiro do povo para um encontro em além-mar. Quem viajou, quanto gastou, quem pagou...
O encontro começa nessa quarta-feira. Se é tão importante para o futuro do país, porque a situação do Brasil não é debatida aqui no Brasil?
Esse já é o décimo segundo fórum. Até hoje, algum documento final foi elaborado? O que foi/será discutido? Vão fazer uma redação de encerramento e divulgá-la no Brasil?
Fico com o raciocínio da economista e professora Maria da Conceição Tavares, portuguesa que morou a maior parte da vida no Brasil, e que nos deixou há poucos dias:
"O futuro do Brasil os poderosos decidem em chás, almoços e no jantar das sextas-feiras. Nós não podemos resolver no jantar das sextas-feiras. Nós não somos da elite dominante desse país!"
Almoços e jantares regados com o melhor vinho português. Oh, Pá!