Veículos blindados e soldados tomaram a praça no centro de La Paz e tocaram o terror e tanques na porta de um palácio governamental.". E o general bradou: "Aqui estão as forças armadas com o seu povo!"
Isso foi no Brasil em 8 de janeiro de 2023? Parece. Mas foi na Bolívia, ontem, 26 de junho de 2024. Mais uma tentativa de golpe contra um governo legitimamente eleito, através do voto popular.
E a Bolívia tem história! Em 199 anos de existência como país independente, já ocorreram 194 tentativas de golpes no país. Dá quase uma tentativa por ano. Quase uma por ano!!!
O sujeito da foto é o general Juan José Zúñiga Macias . E quem é esse biltre? Ele era chefe do Exército até terça-feira, 25, quando foi destituído depois de declarações na televisão, se opondo ao ex-presidente Evo Morales e ameaçando prendê-lo.
Macías foi nomeado em 2022 e, curiosamente, confirmado pelo presidente Luís Arce em janeiro. E veja só: Apesar de se apresentar como um "defensor do povo e das leis", o general enfrentou acusações de desvio de dinheiro (que coisa...) de fundos públicos quando era chefe de um regimento de infantaria. Em 2013, um suboficial o acusou de lhe ter ordenado o desvio de 2,7 milhões de bolivianos (equivalente a 2,2 milhões de reais). Por causa disso, Zuñiga foi punido com 7 dias de cadeia.
E não para por aí: Em 2022, o general foi apontado pelo ex-presidente Evo Morales como chefe de um grupo dentro do exército que supostamente realizava perseguição permanente a líderes políticos como ele, Morales.
Essa tentativa de golpe não deu certo por dois motivos: Pela rápida reação do governo Arce e pela mobilização popular.
Que essa reação boliviana sirva de exemplo para nós brasileiros: Milico golpista tem que ir pra cadeia. E o povo nas ruas pode derrubar um governo, mas pode, também, manter um governo legitimamente eleito.
E fica a reflexão/uma verdade: Lugar de militar é dentro dos quartéis, submissos ao poder civil. Forças Armadas não são o quarto poder. Estão aí pra garantir a segurança nacional contra as invasões externas e em caso de guerra.
Mas e o interesse do golpista era apenas "em nome dos interesses do povo"? Bem, o povo mostrou nas ruas que não queria golpe. Haveria um interesse econômico de países poderosos? Pode ser. Bora lembrar que a Bolívia nacionalizou a exploração do lítio, mineral usado, entre outras coisas, para fabricar bateria de íon-lítio , usada em diversos equipamentos eletrônicos e, também, em carros elétricos.
Em carros elétricos? Ah, entendi!!!