Em todo processo que envolve dinheiro público (ou seja, de todos nós) é preciso um mínimo de burocracia. A liberação pode (e deve!) ser mais rápida em casos de catástrofes como as enchentes do Rio Grande do Sul. Mas, mesmo assim, é preciso uma justificativa, uma comprovação de uso dessa verba.
O portal Sul 21 me informa que moradores de Porto Alegre enfrentam um problema grave (como se todos aqueles que estão enfrentando não sejam grave...): Estão tendo dificuldade pra receber o Auxílio Reconstrução do governo federal. Mas não por culpa do governo e sim pelo o que seria lentidão da Prefeitura da capital gaúcha. Muita gente que entra no site do programa para verificar se o dinheiro saiu - ou quando vai sair - recebe a mensagem: "CPF não cadastrado pela prefeitura. A prefeitura da cidade onde você mora não cadastrou sua família. Solicite o cadastro".
A justificativa da Prefeitura: "Estamos trabalhando na normatização dos dados colhidos junto à população antes de submetê-los ao governo federal". O executivo municipal estimou mandar a primeira lista com cerca de 20 mil beneficiários até essa terça-feira, 28.
Quase 40 mil famílias já estão cadastradas. É responsabilidade da Prefeitura mandar os dados para o governo federal. O auxílio é de R$ 5,1 mil por família.
Essa lentidão no envio das informações das pessoas atingidas pelas enchentes beira à incompetência. Na medida em que os dados forem chegando à Brasília, o dinheiro vai saindo. Mas tem muitos bozonaristas gaiatos que estão afirmando: "Que burocracia que nada! Lula tem que mandar logo essa grana para os flagelados". Eles tentam emplacar essa "pegadinha" porque, se funciona, daqui a meio ano, um ano, vão dizer: "Impeachment do Lula! Ele não comprovou o gasto desses milhões de reais!".
E vamos lembrar: Lula não é o Sílvio Santos que, naquele quadro famoso do programa dele, perguntava: "Quem quer dinheiro?" E saía distribuindo cédulas para as "colegas de trabalho".