O Manchester City conquistou, sábado, pela primeira vez, a Liga dos Campeões. Venceu a Internazionale em Istambul. Para chegar a essa vitória, virou "time de dono" em 2008 quando foi comprado pelo xeque Mansour bin Zayed da família real bilionária que comanda os Emirados Árabes Unidos. A fortuna é avaliada em 30 bilhões de dólares equivalente a 146 bilhões de reais.
O irmão dele, Mohamed, é presidente do país e o nomeou vice-primeiro ministro. Não é só: o pai, Zayed bin Sultan al-Nahyan, foi um dos fundadores da nação e governante de Abu Dhabi (o emirado mais próspero) que tem mais de 90% do petróleo dos Emirados Árabes.
Além de investimentos em óleo e gás, o presidente do City também tem negócios nos ramos de energia, tecnologia e imobiliário. Mansour fez faculdade nos Estados Unidos em Santa Bárbara.
Segundo a revista Forbes, o xeque comprou o Manchester em 2008 por mais de 1 bilhão de dólares. Teria investido, ainda, o equivalente a 8 bilhões de reais para transformar o time inglês num gigante mundial.
Desde então, o clube conquistou 15 títulos importantes. Além da Liga dos Campeões, 7 da Premier League (5 nas últimas 6 temporadas).
O City não é o único investimento no futebol. Ele coloca dinheiro em mais alguns clubes mundo afora. Entre eles o Bahia do qual comprou 90% da SAF. Se compromete a aportar 1 bilhão de reais para contratar jogadores, melhorar a infraestrutura e pagar dívidas da equipe brasileira.
A fama - e o dinheiro que parece não ter fim - trazem resultados esportivos, sucesso e vaidade, mas também expõem as pessoas que viram "celebridades".
Em 2013, a família de Mansour virou notícia mundial não por assunto ligado ao esporte, mas a algo muito grave: Ela foi acusada de desrespeitar os direitos humanos. Segundo a Anistia Internacional, o magnata usa o time inglês como "cortina de fumaça" para esconder violações em Abu Dhabi.
Há dez anos, o Observatório dos Direitos Humanos denunciou que 94 pessoas foram presas em Abu Dhabi. De acordo com o ODH, os detidos passaram por um julgamento injusto e teriam sido torturados.
Já em maio desse ano, Vinícius Junior sofreu ataque racista na Espanha. O técnico do Manchester City, Pep Guardiola, que é espanhol, saiu em defesa do jogador brasileiro. Afirmou, de uma forma admirável, que boa parte da população espanhola é racista por uma questão histórica. Falou, numa entrevista à ESPN, sobre a importância dos Direitos Humanos. Mas nenhuma palavra sobre os problemas da falta de liberdades fundamentais nos países árabes.
Não precisa explicar.
Uma curiosidade: O bilionário xeque Mansour bin Zayed, dono do City, não se interessa muito por futebol. Desde que comprou o time há 15 anos, a decisão da Champions, nesse sábado, foi apenas o segundo jogo do clube inglês que ele assistiu.