quarta-feira, 31 de maio de 2023

"TEMPESTADE" EM BRASÍLIA: O MARCO É TEMPORAL E O "REI" ARTHUR É "TORMENTA" PARA LULA

    


     Uma explicação rapidinha pra quem estava curtindo "posts" ou causando nas redes sociais e não teve tempo de se informar: O chamado marco temporal foi aprovado na noite dessa terça-feira pela Câmara dos Deputados. O projeto estabelece a Constituição de 1988 como o marco temporal para a demarcação de terras indígenas. Placar da votação: 283 votos a favor e 155 contra. Vitória dos conservadores. Vitória da direita. Derrota para o governo Lula (PT).
    Por que a direita quer tanto esse marco? Entre os argumentos estão: Sem esse prazo haveria expansão ilimitada para áreas já incorporadas ao mercado imobiliário; a soberania e independência nacional estariam em risco; e a posse tradicional não deve ser confundida com a posse imemorial. A esquerda, povos indígenas - e parte dos ministros do STF - entendem que:  O marco temporal ameaça a sobrevivência de muitas comunidades de índios e de florestas; trará o caos jurídico ao país e muitos conflitos em áreas já pacificadas por provocar a revisão de reservas já demarcadas; a Constituição reconhece que o direito dos povos indígenas sobre suas terras de ocupação tradicional é um direito originário, isso é, anterior à própria formação do estado.
    Dito isso, lembremos que o governo é de esquerda, mas o Congresso, em sua maioria, é de direita. E na votação teve "fogo amigo". Parlamentares de partidos com Ministérios votaram contra o Palácio do Planalto: 48 dos 59 deputados do União Brasil foram contra o governo; 25 de 43 do PSD; 22 de 43 do MDB; 3 de 15 do PSB; 1 de 18 votos do PDT.
    Mais: 34 parlamentares não quiseram votar ou se ausentaram.
    E veja como o bolsonarismo ainda está forte: De um total de 99 votos, 82 seguidores do Bozo (PL) disseram "sim!" ao projeto que segue, agora, para o Senado.
    A derrota do governo tem nome: Centrão. E quem comanda o centrão? O senhor Arthur Lira (PP/AL), presidente da Câmara. Para "perder menos" votações, Lula precisa "pagar a fatura" para Lira, me informa o jornalista Tales Faria. E o que é isso? É liberar recursos para as emendas parlamentares.
    Isso acalmaria o presidente da Câmara que "tem na mão" pelo menos 150 votos. 
    Aliados acham que está na hora de Lula entrar em campo e comandar pessoalmente as negociações com a direita. Entenda-se: Arthur Lira. Se a situação e a oposição são frágeis, conversa com o homem, conversa com o "rei" Arthur.