Formado em Direito e em História pela Universidade de São Paulo, ele estava com 92 anos e morreu nessa terça-feira na capital paulista. Entre suas obras principais estão: "A Revolução de 1930 - historiografia e história" (1969); "História do Brasil" (1994); "Getúlio Vargas" (2006). Também foi colunista do jornal "Folha de S. Paulo".
Sobre o ex-presidente Bozo (PL) negar que houve golpe militar em 1964, Fausto falou à Agência Pública:
"Ele [Bolsonaro] vai contra as evidências. A história comporta sempre muitas interpretações na dependência da época em que se escreve e na dependência da opinião de quem escreve. Agora, é impossível negar os fatos. É impossível ir contra fatos estabelecidos. E, no caso de 1964, houve a interrupção de um mandato de um presidente legítimo, houve cassação de deputados, houve perseguições de toda ordem, houve violências. Então, não se trata de uma reinterpretação, se trata de negar fatos e isso não faz sentido".
A antropóloga, historiadora e professora da USP, Lila Scharcz, escreveu sobre Boris Fausto na rede social:
Boris Fausto, historiador, advogado, cientista social e, sobretudo, um mestre da e na vida.
Boris era uma pessoa gentil, inteligente, generosa e que sabia se reinventar; sempre. Ele basicamente inaugurou os estudos sobre trabalho urbano em nosso país, foi totalmente inovador em suas análises sobre imigração, escreveu uma linda história do Brasil que introduziu milhares de leitores e leitoras nas belezas e agruras da nossa terra, se inventou no jornalismo histórico, e depois ainda arrasou com suas lindas e comoventes memórias. Não há como ler o Boris e deixar de se emocionar, junto com ele.
Boris era uma pessoa republicana. Adorava uma conversa, uma troca de ideias, e debatia com segurança, mas também com a abertura dos sábios; sempre abertos para a mudança.
Lembro com imensa alegria das nossas reuniões, do brilho nos olhos dele diante de suas novas pesquisas (parecia e era uma criança nessas horas), das suas piadas (pois ele era muito espirituoso), das suas reflexões certeiras. Eruditas.
Ele vai fazer muita falta nesse Brasil que não sabe ouvir, aprender consigo mesmo e com os outros, e até mudar de ideia. Da minha parte, já estou sentindo muita falta dele. Imensa.
Faleceu hoje um democrata; um intérprete e um pensador do Brasil, que apostava muito nesse país de democracia inconclusa e falha.
( Foto deste texto: @renatoparada)