Fato: o ministro do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, decidiu manter na corte o caso Tacla Duran contra o ex-juiz (considerado suspeito pelo STF) e senador Sergio Moro (União Brasil-PR) e o ex-procurador da Lava Jato e deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR).
Acusação: Tacla acusa a dupla de extorsão (vixe!) na época da Lava Jato. Eles teriam pedido propina em troca da liberdade do advogado que trabalhou para a Odebrechet. Dia 27 de março passado, Duran prestou depoimento (via internet) para o juiz Eduardo Appio, da 13ª Vara Federal de Curitiba e novo responsável pela Lava Jato. Tacla afirmou que depositou 613 mil dólares para um advogado ligado à Rosângela Moro, esposa do ex-juiz, em 2016. Objetivo da grana: Seria para Duran fazer uma deleção premiada. O advogado também assegura que desistiu de continuar os pagamentos. Isso teria causado a ira de Moro e a decisão de decretar a prisão do ex-colaborador da Odebrechet.
O ex-juiz considerado suspeito tentou um "golpe de mestre": Pedir que o caso saia do STF e não volte para a 13ª Vara de Curitiba. Na pratica, estaria Moro tentando escolher o juiz que o julgará?
O jornalista investigativo Joaquim de Carvalho tem uma tese: "O Moro quer escolher o juiz porque sabe o que fez, sabe que pode ser complicado. Ele sabe que se houver uma investigação pra valer ele vai pra cadeia. Então ele quis escolher um foro".
Na rede social, fazendo uso do direito ao "jus esperneandi", Moro escreveu:
"Ressalto que o processo com as falsas acusações não é de competência do Supremo, visto que os fatos inventados seriam anteriores ao meu mandato de senador. Por essas razões, aliás, já disse que abro mão do privilégio e luto no Senado para o fim dessa excrescência jurídica, verdadeira causa de impunidade".
E qual foi o parecer de Lewandowski? Decidiu manter no STF por entender que Moro se manteve praticando o suposto crime contra Duran enquanto foi ministro da Justiça do Bozo (PL). Tecnicamente o ministro do Supremo, que nessa terça-feira se aposenta, disse: "Como há indícios de que ele cometeu os supostos crimes no Ministério da Justiça, quando era ministro, e depois como senador, o caso fica aqui [no STF]. E o Deltan Dallagnol fica por conexão".