Os americanos (quase) nunca tratam o cinema como arte. Para eles é puro entretenimento o que passa na telona... sendo assim, já criaram vários gêneros, entre eles "catástrofe" ("Terremoto", "Inferno na Torre"...), "ficção científica", "ação", "guerra" e outros. Um novo "gênero" que ganha espaço é o chamado "cinema de marca". Um dos seus maiores exemplos é "Fome de Poder" (2016) dirigido por John Lee Hancock com Michael Keaton. A produção, que conta a história do McDonald's, foi bem recebida pela crítica e público.
Nessa linha, agora é a vez de "Air: A História Por Trás do Logo" (2023) dirigido por Ben Affleck, com ele, Matt Damon e Viola Davis. A minha dúvida é: A Nike, maior fabricante de roupas esportivas do planeta, colocou dinheiro na produção? Porque o enredo conta a história da grande virada da empresa com a contratação de Michael Jordan para dar nome a um novo tênis: "Air Jordan".
O filme conta a luta de Sonny Vaccaro (Damon), executivo da Nike, para contratar Jordan (um novato no basquete no começo dos anos 80). Para isso, precisa passar pela maior "marcação" que poderia enfrentar na vida: Deloris Jordan (Davis), mãe do jogador, que controla todos os passos dele.
O roteiro é muito bem amarradinho e dá "humanidade" a uma história que poderia parecer apenas um grande comercial de tênis. Por isso, palmas para o roteirista Alex Convery e para o diretor Affleck que interpreta Phil Night, um dos fundadores da empresa e, na época, presidente da companhia.
O contrato assinado com o jogador rendeu (rende...e renderá!) muito dinheiro para ele e para a Nike. Jordan e a mãe dele tiveram uma grande visão de negócios: exigiram 250 mil dólares por ano mais uma participação na venda de cada tênis do modelo "Air Jordan". Seriam 5% em cima do preço de cada calçado. Parece pouco? Calcula-se que só entre 2018 e 2022, a empresa teria repassado 1 bilhão (sim! é com B) de dólares ao atleta.
Além de diálogos bem construídos, a trilha sonora é outro destaque. Grande sucessos dos anos 80 estão lá. O filme já começa com "Money For Nothing" do Dire Straites...
E não dá pra esquecer, também, das participações de Jason Bateman ( que faz o especialista em marketing Rob Strassner); de Chris Tucker ( o histriônico Howard White); e de Chris Messina (o arrogante empresário David Falk). E uma curiosidade: o ator Julius Tennon (que faz James Jordan, marido de Deloris Jordan) é casado, na vida real, com Viola Davis.
Se você reparar bem, o rosto do ator que faz Michael Jordan nunca aparece no filme. Aparece ele de costas, meio de lado, desfocado...
* Phil Night ainda está vivo: Está com 85 anos e se afastou do comando da empresa. Mas a família dele ainda é dona da Nike. O filho Travis Night é cineasta. Já foi indicado 4 vezes ao Oscar por filmes de animação, a especialidade dele.
* Sonny Vaccaro, aos 84 anos, está aposentado. E pensar que ele trabalhou, depois da Nike, para a Adidas e para a Reebok.
* Michael Jordan só teria feito um pedido a Ben Affleck antes das filmagens: Que Viola Davis fizesse a mãe dele.
* O logo da empresa representa uma asa que remete à deusa grega da vitória, Nike. Night pagou apenas 35 dólares pelo desenho...
* "Air" marca a volta da pareceria Affleck-Damon que surgiu com "Gênio Indomável" em 1997.
