Me arrisco a dizer (viver é correr riscos) que é o melhor filme italiano do século 21. Baseado na autobiografia do jornalista Massimo Gramellini, "Belos Sonhos" ( "Fai Beni Sogni" - "Tenha Bons Sonhos", na tradução literal - 2016) conta a história do menino que viveu uma tragédia aos 9 anos: a morte da mãe. Morte nunca muito bem explicada pelo pai dele que sempre disse - até o garoto chegar à idade adulta - que teria sido por um "infarto fulminante".
Dirigido pelo veteraníssimo Marco Bellocchio (83 anos), o filme traz alguns flashbacks para ir costurando a história. Na idade adulta, quem assume o papel de Massimo é o ótimo Valério Mastandrea. O personagem já é um respeitado jornalista e vice-editor do jornal "La Stampa". Correspondente de Guerra por um período, se afasta do pai que sempre o tratou com frieza.
Com uma vida emocional instável por causa das lembranças do que aconteceu com a mãe (a atriz Bárbara Ronchi numa interpretação correta), Massimo encontra um pouco de paz (depois de um ataque de pânico) nos braços de Elisa ( interpretada por Bérenice Bejo, ganhadora do Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante por "O Artista").
"Belos Sonhos" trata, também, de uma paixão de infância de Massimo: O futebol. Eles moravam ao lado do estádio do Torino. A produção relembra, inclusive, a tragédia: O time inteiro morreu, em 1949, numa queda de avião.
O diretor Marco Bellocchio passa em revisão a vida, com suas dores e amores. O presente buscando respostas no passado.
E é quando Massimo está limpando o apartamento para vendê-lo, depois da morte do pai, é que ele tem a revelação da verdadeira causa da morte da mãe.
Para se realizar um sonho, é preciso passar por alguns pesadelos.
Só é possível ter bons sonhos com o passado resolvido.