domingo, 25 de setembro de 2022

CHICO "IN" CURITIBA : "PODEM ME CHAMAR DE ESQUERDOPATA"

    
(foto: Carol Proner)

     Como esperado nesse pequeno festival de Chico Buarque em Curitiba (sexta, sábado e domingo), o Teatro Guaíra "veio abaixo". Já no "esquenta", antes da abertura das cortinas, a plateia já cantava "olê, olê, olá... Lula, Lula!"
    A apenas uma semana da eleição, o Guaíra recebeu muita gente com bandeiras, faixas, bandanas, camisetas, adesivos. Tudo em vermelho. Tudo com a imagem do candidato do Partido dos Trabalhadores à Presidência.
    O cantor disse que  "Que Tal Um Samba?" seria um show "romântico". E de fato foi. Os embalos de sábado à noite foram entre sambas e valsinhas. Mas quando alguém na plateia mandou um "Fora, Bolsonaro!", o artista emendou com um neologismo: "Foríssima!"
    Por ser uma noite ("em tese") romântica, não faltaram os tradicionais gritos (de moças e moços): "Casa comigo, Chico!".... "Lindo!".... Um rapaz até mandou: "Me engravida, Chico!"  Chico com certeza está muito acostumado a esse tipo de manifestação. "Faz parte do meu show", como diria Cazuza.
    O que não faz parte do show de Francisco é o "teleprompter" (aquele equipamento que vai mostrando um texto ou a letra de uma música) e que virou "muleta" pra muito artista poder cantar. Parece quase um "playback". Chico explicou pro público porque não usa:
    "Eu não tenho esse negócio de teleprompter. Seria estranho usar. Eu sou autor das minhas letras. Não posso esquecê-las".
    Aí em tom de brincadeira, mandou: 
    "Andam dizendo na internet que eu não escrevo as minhas músicas. Criaram até um perfil falso pra identificar esse compositor. Pesquisei e descobri que é o percursionista da minha banda..."
    Ainda sobre rede social, disse:
    "Me chamam de tudo. Podem me chamar. Dizem que sou esquerdopata..."
    No desfile de canções, os grandes amigos foram lembrados: Tom Jobim, Vinícius de Morais, Dorival Caymmi...
    Em uma das músicas, Chico deu uma egasgada. Tossiu. Ao lado dele havia uma mesinha com um copo que parecia ser uma "espremidinha de limão". Há quem jure que era água de coco. Sorveu um gole e o show - porque não pode parar - continuou normalmente.
    Fim de cena. E o povo pede bis. 
    Aí a galera começa a cantar, de novo, "olê...olê olá....Lula, Lula..."
    O artista volta e diz:
    "Essa é a senha de vocês para o bis???"
    
                                 ***
    A mulher de Chico Buarque, a jurista curitibana Carol Proner, dedicou, nas redes sociais, o show a dois jovens políticos de Curitiba e à organizações que lutam por direitos humanos.
    Ela escreveu:

"Orgulho da nossa Curitiba, República da Resistência, da Vigília Lula Livre, da juventude como Ana Júlia Ribeiro e Renato Freitas, do MST - Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, da Central Única Dos Trabalhadores, da UNE - União Nacional dos Estudantes, do PT - Partido dos Trabalhadores, das Loukas por Lula - Comitê Popular de Luta e de outros comitês populares e da gente politicamente culta e elegante."