terça-feira, 12 de julho de 2022

MORO X ÁLVARO: E AGORA, ALVINHO?

   


    "Crie corvos e eles te arrancarão os olhos", provérbio espanhol que inspirou o cineasta Carlos Saura a fazer o filme "Cria Cuervos" na época em que o generalíssimo Franco mandava e desmandava na Espanha.
    No século 18, Mary Shelley escreveu "Frankenstein", história do dr. Victor Frankenstein que criou um "monstro de laboratório". Mas a autora deixa uma dúvida para o leitor: Quem é o verdadeiro monstro? O criador ou a criatura?
    Assim como no ditado popular e na literatura, a criatura acaba se voltando contra o seu criador. E isso acontece, também, na política paranaense. O senador Álvaro Dias (Podemos), ainda em 2018, "lançou" o então juiz Sergio Moro para a vida pública. Dias (que está no quarto mandato) disse à época que se fosse eleito presidente, convidaria o magistrado para ser ministro da Justiça.
    Com Álvaro a ideia não andou. Mas com o Messias (PL), sim! Eleito para a Presidência da República, convidou, e Moro aceitou, (largando a magistratura) ser o comandante do Ministério da Justiça.
    E depois de tentar ser candidato à presidente, ser candidato por São Paulo, o ex-juiz teve de voltar ao Paraná pra se viabilizar eleitoralmente. Pensou  no governo. Mas aí "trombaria" de frente com Ratinho Junior (PSD). Preferiu "trombar" com o seu "criador", Álvaro Dias e disputar com ele, a única vaga do Senado em 2022.  Se nada mudar, vai ser criatura x criador.
    Mas  o jogo está "embolado" e política (mais do que muita coisa) não é para amadores: Álvaro espera (ou esperava?) contar com o apoio de Ratinho Junior - numa possível chapa com Rato Filho saindo pra reeleição.... ou pelo menos com a "imparcialidade" do atual comandante do Palácio Iguaçu. Já que ainda há a possibilidade da candidatura do deputado bolsonarista Paulo Martins (PL). 
    Álvaro, pelo jeito, vai ter de "remar sozinho". Moro, apesar da rejeição, já deu uma circulada pelo estado e deve ter sentido que "pode dar jogo". Conta, também, ainda com a imagem de "super-herói" da extinta e infausta Lava Jato.
    Nessa história de criador e criatura, vamos relembrar o que disse o então juiz (hoje considerado suspeito pelo STF) sobre entrar - ou não - na política, ao jornal "O Estado de S. Paulo", em 2016:
    "Não! Jamais, jamais! Sou um homem de Justiça e, sem qualquer demérito, não sou um homem de política. Então... não existe esse risco".
    E aí, eleitor? Confiou? E, agora, dá pra confiar?
    Bora Pensar!