Segunda-feira cedo é o "pior" dia da semana para 99,9% dos terráqueos. Como encarar a semana depois de um domingão de folga para a grande maioria dos trabalhadores? O jeito era colocar uma dose de otimismo e de bom humor logo cedo na segundona.
Uma conversa com alguém inteligente, com uma cultura imensa, com uma visão de humanismo gigantesca e com um senso de humor peculiar. Assim era a "Segunda de Primeira" nossa receita de bem estar para todo começo de semana. Nosso "masterchef" intelectual era o Mário Negrão. Médico neurologista e psicoterapeuta que ajudou a formar muitos profissionais na Universidade Federal do Paraná onde deu aula durante um bom tempo.
Mário era o amigo pra tomar um cafezinho e bater papo com ótimo humor. Isso nos bastidores. Porque quando as luzes ligavam e a gente dizia "ação", as conversas com ele eram sempre forradas de conteúdo com seriedade, mas também com uma boa dose de "leveza". Assim foram as entrevistas e os comentários. E foram muitos. E cada comentário era uma aula sobre a humanidade. Ele enumerava facilmente uma série de filósofos - e o que cada um pensava - com a mesma facilidade com que um torcedor fanático escala o time.
E com tanto bom humor, Mário Negrão escolheu justamente o sábado de carnaval para ir embora. Ele que era carioca de nascimento, mas curitibano por opção. E olhe que coisa: Com aquele jeitão brincalhão - algumas vezes irônico - dele, foi bem num sábado de carnaval num ano em que não tem carnaval por causa da pandemia...
Do amigo fica a lembrança do ótimo humor, da esperança e da visão otimista da vida. Para qualquer que fosse a situação, ele sempre tinha uma palavra que invariavelmente era positiva.
Tanto humanismo e tanta espontaneidade. Sua gargalhada marcante fica eternizada.