sábado, 13 de fevereiro de 2021

ASSIM COMO A GLOBO, DELTAN ACHA QUE NÃO PRECISA FAZER "AUTOCRÍTICA" EM RELAÇÃO À LAVA JATO

    


      O procurador da República, Deltan Dallagnol, ex-chefe da operação Lava Jato, acredita que não é necessário fazer "autocrítica" em relação ao trabalho dos procuradores. Isso apesar das toneladas de mensagens trocadas entre eles e o ex-juiz Sergio Moro, que deixaram claro o trabalho conjunto entre o magistrado e a LV. Lembrem: Juiz orientar qualquer uma das partes é ilegal. 
    Os diálogos liberados pelo STF mostram claramente que o chefe da operação parecia ser, em verdade, Moro. Dallagnol não reconhece a legitimidade das conversar grampeadas por um hacker, apesar de elas terem sido autenticadas pela Polícia Federal. O que também chama a atenção:
    Deltan diz que esses diálogos não são verdadeiros. Mas afirma que eles tem todo o jeito de terem sido editados. Se são falsos, como ele reconhece que fizeram alguma "trucagem" nas falas?
    Quanto à Globo, ela tem "se recusado" a divulgar os trechos mais "ácidos", digamos, das críticas do ministro do STF, Gilmar Mendes, à operação. Se no tempo em que despejava uma "caçamba" de ataques ao Lula, a emissora colocava uma arte com notas de dinheiro saindo de um duto, não deveria, agora, mostrar mensagens saindo, também, de um duto?
    Dallagnol deu entrevista à Folha. Veja um trecho:

    Não é necessário, ao menos, fazer autocrítica em relação à proximidade com o juiz? Se o juiz mantivesse contatos com as defesas da mesma maneira, o sr. também não consideraria problemático? 
    Advogados têm contatos com juízes diariamente em todo o Brasil, e isso é legal. Figurões vão ao STF de bermuda. Não temos um décimo do acesso a certos ministros das cortes superiores que muitos advogados ou mesmo réus têm. Com o juiz da Lava Jato, é evidente que tínhamos um contato mais frequente. Quando um advogado tem cinco casos criminais sob a responsabilidade do juiz, ele marca uma reunião. Quando você tem mil casos, trocar mensagens é mais eficiente. Ninguém alega que exista prova da inocência de alguém nas mensagens, mas que o juiz teria se excedido na proatividade. Ora, no sistema brasileiro, o juiz pode produzir provas e buscar os valores da Justiça como verdade e agilidade. Fazer isso não é favorecer o Ministério Púbico, e sim a Justiça. Se o juiz fala para o advogado ou réu que, se quer provar seu álibi, precisa trazer provas do que diz, não há nada de errado nisso. A tese do comando pelo ex-juiz ou de conluio com o Ministério Público é desmontada pelo fato de que o ex-juiz absolveu mais de 20% dos réus e indeferiu centenas de pedidos da força-tarefa. O caso foi rejulgado completamente e confirmado por três julgadores independentes e depois pelo STJ [Superior Tribunal de Justiça]. Não há no material, que não é reconhecido por nós por várias razões que vão de indicativos de sua edição e deturpação até a impossibilidade de lembrar e resgatar o contexto de milhares de mensagens trocadas há anos, qualquer predefinição de resultados, ações contrárias a fatos e provas, supressão de provas de inocência, fraudes processuais ou prática de crimes. Sempre pautamos nosso trabalho pela lei. Sempre há, contudo, discordâncias legítimas em matéria de direito e tem também, claro, muita gente que quer ver erros e anular condenações.