sábado, 21 de novembro de 2020

"NEGRO BRANCO" NÃO SOFRE PRECONCEITO?

    


    O "Rei do Pop", Michael Jackson, já cantou em "Black or White" ("Negro ou Branco"): "Seja preto, seja branco, sobreviver é difícil para todos". Bem "otimista" o cantor, porque sobreviver é mais difícil para os negros. E Michael partiu dessa levando uma história pouco esclarecida: Seus críticos diziam que ele se submeteu a um processo de "clareamento" da pele e à operações plásticas pra agradar ao marketing do mercado milionário do pop que preferia vendê-lo como "branco". Das vezes que se defendeu, o cantor dizia que ele tinha um problema de pele e que por isso precisava fazer um tratamento que acabava clareando a pele...
    Melhor pensar em "Haiti" de Caetano e Gil que dizem : "Presos são quase todos pretos. Ou quase pretos, ou quase brancos quase pretos de tão pobres. E pobres são como podres e todos sabem como se tratam pretos."
    Segundo o IBGE, no Brasil, 56,10% da população se declaram negros. Dos 209 milhões de habitantes, 19,2 milhões se assumem como pretos e 89,7 milhões como pardos.
    Sobre o Brasil ser um país racista - ou não - o intelectual, pensador, literato e jornalista Ali Kamel, deu ao mundo uma contribuição inegável. Na obra "Não Somos Racistas", escreveu que "querem nos transformar numa nação bicolor." Para ele, o preconceito é dirigido preferencialmente ao pobre. Descoberta genial, porque negros ricos como Pelé jamais sofreram preconceito. Por isso, com certeza, que o "Rei do Futebol" nem toca no assunto...
    Melhor ficar com quem realmente entende da matéria. No livro "O Povo Brasileiro", o antropólogo, historiador, sociólogo, escritor e político Darcy Ribeiro dá a palavra definitiva:
    “A característica distintiva do racismo brasileiro é que ele não incide sobre a origem racial das pessoas, mas sobre a cor da pele. Nessa escala, negro é o negro retinto, o mulato já é o pardo e como tal meio branco, e se a pele é um pouco mais clara, já passa a incorporar a comunidade branca. Acresce que aqui se registra, também, uma branquização puramente social ou cultural. É o caso dos negros que, ascendendo socialmente, com êxito notório, passam a integrar grupos de convivência dos brancos, a casar-se entre eles e, afinal, a serem tidos como brancos."