Muitos patrões não se contentam em apenas "comprar o trabalho" do empregado. Eles querem comprar, também, a consciência do cidadão. Tem gente que "para não perder o emprego" ou para não perder "contratos publicitários" (falo aqui no primeiro caso de jornalistas e no primeiro e segundo casos de artistas...) aceitam a condição de "arrendar o cérebro" para quem paga. Ou seja, quem recebe salário pensa como o dono do negócio pensa. Um amigo (muito crítico, por sinal) brincava dizendo assim: "Deixa eu ler o editorial do jornal pra saber o que eu estou pensando hoje..."
É possível trabalhar em qualquer lugar, em qualquer empresa, de qualquer ramo, e ainda manter a integridade de caráter. Às vezes (quando não sempre...) o sujeito é obrigado a "rezar pela cartilha" do patrão. Mas isso não o impede de colocar o seu ponto de vista crítico sobre o assunto. Dá pra discordar sendo educado, gentil. Só para mostrar que não concorda com aquilo e que tem sugestão de como tratar o tema de outro jeito....
Mas... como o ser humano nasceu e vive numa zona de conforto....vai "discutir pra quê?" ... vai "apresentar outra visão sobre o assunto pra quê?". O que importa é que "pinga" todo fim de mês o salário na conta. Aí paga os carnês, os boletos...e se der, vai fazer uma viagem pelo Brasil ou para o exterior (quando o corona permitir...).
O esporte, infelizmente, nos traz dois exemplos da sabujice de empregados: Ainda quando a jogadora de vôlei Carol gritou um "Fora, Bolsonaro" ao vivo na TV, um apresentador dessa televisão ficou "indignado" afirmando que precisaria "discutir" o direito da atleta de exercer cidadania...Nesse caso, deve ter "pensado com a cabeça do patrão". Mas pode ser que o patrão não estivesse nem aí para o que a esportista pensa ou faz.... Nessa terça-feira teve o caso do narrador e do comentarista da TV Brasil (estatal federal) que mandaram abraços para o presidente Messias e informaram as "preferências clubísticas" do ex-capitão. Aqui vai ver que pensaram: "Ninguém pediu abraço pro homem...mas vamos nos garantir..."
Ainda: Há alguns meses, dois comentaristas (Caio e Casagrande) "se estranharam": Caio não gostou do ex-jogador e dirigente do São Paulo, Raí, ter criticado o presidente "seu Jair". Caio disse que Raí "deveria falar só sobre futebol", que era a área dele... Casão reagiu e afirmou que o colega de TV estava tentando censurar uma pessoa que pensava diferente dele, Caio.
Bem...bora lembrar, aqui, do poeta português Sidónio Muralha que escreveu:
"Parar, parar não paro. Esquecer, esquecer não esqueço. Se caráter custa caro, pago o preço".