quinta-feira, 8 de outubro de 2020

"O PREÇO DE TUDO": QUANTO VALE UMA OBRA DE ARTE? O DINHEIRO COMPRA TUDO?

                                  



     O documentário "O Preço de Tudo" (HBO, 2018) é uma grande exposição do que se transformaram as obras de arte: produtos vendidos nos grandes supermercados também conhecidos como galerias. Esculturas e quadros também são negociados em leilões. Locais onde também se vendem carros, apartamentos, joias, móveis, eletrodomésticos. Ou seja, o dinheiro é o combustível que move qualquer negócio.
    O filme também responde, logo no começo, uma pergunta que até os marcianos e inca venusianos fazem: Por que uma obra de arte custa tão caro? A resposta parece ser mais simples do que se imagina: Custa muito dinheiro para que ela seja devidamente conservada. Quem empenha centenas de milhares (Ou dezenas de milhões) de dólares em algo de valor artístico, quer conservar aquilo para "as futuras gerações" ou revender assim que o artista ou a obra valorizarem mais. Ou os dois.
    A produção (dirigida por Nathaniel Kahn) é recheada de personagens bem interessantes: O "tiozinho" Larry Poons, um pintor abstrato surdo que tem o estúdio numa casa antiga, retirada, com um enorme galpão onde faz os seus painéis. Ele veste roupas simples e está sempre sujo de tinta. É um "ermitão" que deixou no passado suas obras que já valeram muito. Agora parece pintar pelo prazer da arte.
    No extremo de Poons temos Jeff Koons que vendia ações "adoidado" em Wall Street (lembra de Leonardo DiCaprio em "O Lobo de Wall Street"?) antes de se tornar artista. A habilidade em negociar ações ele levou para as artes plásticas: Não "se suja" com uma gota de tinta. O que faz é comandar uma equipe de pintores que fazem quadros em linha industrial. Mesmo sem "botar a mão na massa" (ou na tela...) é de Koons a obra mais cara já vendida de um artista vivo: Há quem pagou 58 milhões de dólares por "Ballon Dog (Orange)". Por aí, meu amigo, minha amiga, você vê que arte virou mesmo um grande comércio....e tem quem pague!
    Pra completar esse "tripé" de personagens da vida real temos o colecionador judeu, nascido na Alemanha, mas que mudou em 1941, aos 15 anos, para os Estados Unidos, Stefan Edlis. O muito legal é que ele permite que a produção tenha acesso à "contabilidade" que faz no computador: Uma planilha mostra todas as obras que ele comprou, quando comprou e quanto pagou. Também podemos visitar parte do acervo. Edlis se mostra um amante da arte e um grande negociador: Apresenta um trabalho pelo qual pagou 945 mil dólares e que agora vale a "bagatela" de 65 milhões de dólares...
    Ter dinheiro não significa, necessariamente, ter cultura artística nem competência para entrar nesse mundo. É o simpático velhinho, Stefan Edlis que explica:
    "As pessoas sabem quanto custa uma obra. Mas não sabem o valor dela..."