terça-feira, 27 de outubro de 2020

MILITARIZAÇÃO NAS ESCOLAS: RATINHO E MESSIAS QUEREM ESTUDANTES APENAS COMO "OUTRO TIJOLO NA PAREDE"

    

     A toque de caixa o governo do Paraná quer aprovar a chamada "militarização" de 215 escolas públicas da rede estadual em 117 municípios a partir do ano que vem. O investimento deve ser de aproximadamente 80 milhões de reais. O projeto "passou de passagem" pela Assembleia Legislativa (aprovado sem esforço...) e agora está na fase de "consulta aos pais". Mera formalidade, né?
    O objetivo da ideia é "melhorar a qualidade da educação ofertada nos ensinos fundamental e médio". O governo "garante" que vai ser "respeitado o pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas". Também: "respeito à liberdade e apreço à tolerância".
    Essa é uma bela cortina de fumaça pra ocultar o verdadeiro objetivo de Ratinho Junior (PSD): como bolsonarista que é, o governador quer agradar o Messias que, esse sim, tem um projeto bem claro: trocar a pedagogia pela militarização. Tanto Ratinho quanto o "seu Jair" pensam que militar na escola vai impor disciplina em sala de aula. O problema dos jovens, dizem os especialistas, é de "estrutura social", que começa em casa com a pobreza, marginalização (no sentido de viver à margem da sociedade) e o sentimento de "não pertencer" ao ambiente da sociedade.
    A secretária geral da APP-Sindicato (que representa os professores estaduais), Vanda Santana alertou:
    “É uma total falta de respeito, mas quero chamar a atenção para um aspecto, pois o método do governo de impor a consulta e as escolas militarizadas diz muito do que ele realmente entende de concepção de sociedade e educação. Uma educação voltada para atender interesses de grupos privados e interesses de grupos político-partidários. Veja que a resolução foi divulgada hoje e em menos de 24 horas começa a consulta, sem haver um momento de debate e conscientização com a comunidade ou categoria".
    Para a doutora em Educação, Giselle Corrêa, ouvida pelo portal "Plural", a tentativa de disciplinar alunos "na marra" é típico de governos totalitários: 
    “Eles querem igualar a população, deixá-la sem espaço para a diversidade e para o pensamento crítico. A tatuagem, o piercing e o cabelo black com certeza serão restringidos.”
    A professora Vanda Santana, da APP-Sindicato, também afirma que essa mudança que o governo paranaense quer fazer é desmerecer tudo o que já foi feito até hoje por profissionais da área de Educação do Paraná:
    “Isso significa que, para esse governo, todo o trabalho realizado até agora não teve qualidade. Muito pelo contrário, sabemos que o que temos é fruto do nosso trabalho e agora o governo diz que os policiais militares vão trazer qualificação para a educação. Isso é muito grave, desvalorização do nosso trabalho profissional e desrespeito com a comunidade, pois ela não está sendo orientada de forma adequada sobre o futuro da educação dos seus filhos(as)”.
    Bora lembrar que escola "regular" (seja municipal, estadual, federal ou particular) é para a formação de cidadãos, de pensadores, e não de soldados.
    Na canção "Another Brick In The Wall" ("Outro Tijolo na Parede"), o grupo Pink Floyd trata exatamente disso. Crianças que se rebelam contra um sistema educacional padronizador, impositivo e hostil. De acordo com o psicopedagogo Thiago Vieira, "no filme do Pink Floyd os estudantes aparecem enfileirados, usando máscaras estáticas, privados de sua própria personalidade."
    E como diria a banda Ira! na música "Núcleo Base":
    "Eu quero lutar, mas não com essa farda".