Em encontro com "apoiadores" (leia-se gado) nessa quarta-feira à noite, o Messias afirmou: “Os países se preparam para a guerra. Até com bombas, né. Aí tem a guerra nuclear bacteriológica. Pessoal mexe com vírus de laboratório. Pode ter escapado isso aí”.
É mais um chute entre tantos que o ex-capitão já deu. Entre eles, de que a cloroquina deve ser usada no tratamento da covid-19 (sem comprovação científica nenhum) e sobre a vacina: se é eficaz, ou se não é. Se deve ser obrigatória ou não... "Seu Jair" não tem formação nenhuma na área médica ou científica. É formado em Educação Física e é paraquedista do Exército.
Atribuir a pandemia a uma "guerra bacteriológica" entre países é arriscado e irresponsável. Em primeiro lugar por estar apenas "supondo" que isso aconteça. Em segundo, por ser a pessoa que literalmente "manda" no país, fazer esse tipo de afirmação é criar no imaginário popular mais um fantasma. É dar espaço para fake news. E em terceiro, esse é o tipo de "opinião" de comentaristas de rede social formados na "Universidade Facebook". Aquela legião de imbecis a qual se referia Umberto Eco.
Com a proximidade das eleições nos EUA, o Messias pode estar querendo, também, "agradar" o ídolo dele, Donald Trump. Foi o mandatário norte-americano que insinuou, em abril, que o coronavírus surgiu no laboratório do Instituto de Virologia da cidade chinesa de Wuhan. Logo em seguida, a OMS negou que o vírus tenha sido "criado" em laboratório. Mas entre a palavra de cientistas e do louco topetudo de cabelo alaranjado, você acha que a massa ignara ficou com quem?
Um pouco de história: As armas químicas são baseadas na toxidade de substâncias químicas que podem matar e causar danos ao meio ambiente, Na Primeira Guerra Mundial foram usados os chamados gases venenosos nas lutas de trincheiras. Cerca de 800 mil pessoas ficaram feridas ou morreram. A substância mais conhecida era o gás mostarda que queima a pele e causa danos graves aos pulmões. Na Segunda Guerra Mundial, os japoneses fizeram experiências em prisioneiros australianos com armas químicas e biológicas. Na Guerra do Vietnã, os americanos usaram à vontade o agente laranja. Na Guerra Irã-Iraque nos anos 80, os iraquianos usaram armas químicas contra os inimigos.
Hoje existe a Organização para a Proibição de Armas Químicas. Mas...o uso de vírus, bactérias e outros organismos pode ser considerado como guerra biológica. E as toxinas produzidas pelos organismos vivos são classificadas como armas químicas. Porém, as toxinas não são objeto da convenção de armas biológicas.
Bora Pensar! Com tudo isso que a gente viu, quem será que "escapou de um laboratório"? O vírus ou quem faz esse tipo de afirmação?
