Uma semana para choro e ranger de dentes na área da Educação. Mas a lamentação é de professores e de pais de alunos. Deles deve ser o choro. Por dois motivos: Primeiro pela ideia esdrúxula da militarização de escolas estaduais. Como está sendo pensado nas redes sociais, "a pessoa defende a tradicional família brasileira, educa mal pra caramba as crianças e, depois, delega à escola militar a correção do filho." Só pra ilustrar um pouco mais: Há pais e mães que acham que educação infantil é pra criar os filhos. Mas...Professor não é babá. Professor é para dar conhecimento. Criação de filhos é com pai e mãe.
Escola não é quartel. Lá o professor não vai "corrigir" o aluno sem educação com botinada e reguada na cabeça ou na mão. Educação quem tem que dar é pai e mãe. Professor dá conhecimento. Escola é para formar cidadãos críticos, não soldados que "vão viver sem razão" como diria o poeta.
Em entrevista à Carta Capital, o educador espanhol Miguel Arroyo afirmou o seguinte:
"Quais escolas serão militarizadas? Não serão as privadas, mas as públicas, locais que recebem as infâncias populares das favelas, dos campos. Digo isso para que pensemos: que infâncias estão sendo pensadas como violentas? Estamos em um momento no qual se busca a criminalização das infâncias e adolescências populares, bem como dos movimentos sociais de luta por terra, teto, transporte, o que eu chamo de política criminalizante dos pobres. E isso me soa de uma brutalidade assustadora. Portanto, o que ao meu ver legitima a criação das escolas militarizadas é o discurso de que as infâncias são criminosas, mas não todas, só as populares, ou se criminaliza quem está na escolas privadas? Esse é um alerta político muito sério, mas que não acontece de agora."
Outra bronca dos educadores é com relação ao que eles chamam de "desrespeito aos(às) PSS". O que está acontecendo: Eles afirmam que o governo publicou edital alterado os critérios para a contratação de professores(as) pelo Processo Seletivo Simplificado (PSS) sem conversar com a categoria.
Educadores e funcionários das escolas conseguiram se reunir com o diretor-geral da Secretaria de Educação. O presidente da APP-Sindicato, professor Hermes Leão, conta o que foi conversado:
“Cobramos sobre a publicação do edital sem qualquer debate e fizemos a argumentação de todos os temas que temos levantados, razões pelas quais reforçamos nossa contrariedade a essa prova e a alterações de critérios que estão sendo adotados. Solicitamos para que o diretor geral suspenda o edital, porém ele alegou que não tem autoridade para suspender o documento, pois o mesmo está em efeito”.
O sindicato dos professores acusa o governo de violar o princípio do concurso público, previsto no artigo 37, inciso II, da Constituição Federal: “Se é possível realizar um processo seletivo com provas e características de concurso público, é possível também realizar concurso público”.
A APP-Sindicato também fez uma denúncia: O contrato de R$ 3,5 milhões de reais para a realização das provas do PSS teriam sido feito sem licitação. O sindicato pediu ao TCE a suspensão desse processo.
Ou seja, na visão dos professores, se tem dinheiro pra fazer prova pra contratar via PSS, tem dinheiro para realizar um concurso público para suprir a defasagem de mestres nos colégios públicos estaduais.
Uma nova reunião está pré-agendada entre a APP-Sindicato e o governo para a próxima quarta-feira.