segunda-feira, 7 de setembro de 2020

JORNALISTA JULIAN ASSANGE PODE SER EXTRADITADO POR FAZER...JORNALISMO! E MUITOS JORNALISTAS BRASILEIROS FICAM EM SILÊNCIO DIANTE DISSO

   

    O futuro do JORNALISMO está em jogo nessa segunda-feira: em Londres, vai ser julgada a (possível) extradição do jornalista Julian Assange, fundador do WikiLeaks e responsável pela divulgação de segredos de estado dos EUA. Crimes de guerra cometidos pelos governos norte-americanos estão entre os documentos tornados públicos. 
    Em caso de extradição (da Inglaterra para os Estados Unidos), Assange poderá pegar uma pena que significará prisão perpétua numa solitária. O que querem as autoridades norte-americanas? Intimidar quem "ousar" tornar público erros e maldades do governo de Washington. 
    E onde entra a imprensa brasileira nisso? A chamada "grande imprensa", "imprensa comercial" ou "imprensa tradicional", não está nem aí para o futuro do jornalista australiano. Muitos dos nossos jornalistas estão mais preocupados em fazer caras & bocas nas redes sociais do que em se interessar pela história e o futuro de Julian Assange e do Jornalismo depois desse julgamento.
   
     Veja o que escreveu o roteirista e escritor Antonio Mello, no blog dele, o Blog do Mello:

Nesta próxima segunda, dia 7, o jornalista e editor do WikiLeaks, Julian Assange, vai a julgamento e deve ser extraditado para os Estados Unidos pelo crime de... fazer jornalismo.

Assange recebeu da militar dos EUA Chelsea Manning imensa quantidade de material a que o governo dos Estados Unidos não queria que o mundo tivesse acesso.

A partir da divulgação de parte do material pelo WikiLeaks, jornais pelo mundo, inclusive brasileiros, reproduziram as revelações. Nenhum foi punido ou está ameaçado pelo governo dos EUA. Apenas Assange, que, caso seja extraditado, deverá ser condenado a 175 anos de prisão em isolamento.[...]

O Julgamento desta segunda poderia ter um desfecho diferente, caso a mídia comercial fosse mais solidária com o colega jornalista que submissa aos interesses dos Estados Unidos.

Porque é um jogo de cartas marcadas. A juíza do caso tem familiares que fazem parte do serviço secreto do Reino Unido, principal aliado dos EUA.

Ela deveria se dizer impedida de julgar o caso. Mas não o fez, nem é cobrada por isso.

Os Estados Unidos querem a cabeça de Assange para que cada um fique sabendo que, caso publique alguma coisa que vá contra os interesses dos EUA, poderá ter o mesmo destino dele, ser perseguido, condenado e confinado numa cela para o resto da vida.

Por isso a liberdade de Assange deveria ser uma luta do jornalismo global e de todos os jornalistas.