Esse patrão não seguia conselhos de "assessorias" nem despejava cursos de "coaching" em cima dos funcionários. Agia com a competência e a experiência dele. Os "entendidos" em administração que o viam de fora, diziam que ele era "ultrapassado", que geria "mal" o negócio. Mesmo alguns empregados (apesar de não entenderem nada de gerenciamento de negócios) afirmavam que ele estava "errado".
"Errado" era pagar salários em dia. O adiantamento quinzenal também era certo. E a quinzena dele tinha realmente 15 dias. Não era uma "vintena" (20 dias) como alguns "gênios" patronais transformaram o calendário.
Também tinha outro costume que deixa "horrorizado" os gestores atuais (de ternos bem cortados, de grife, que valem mais do que o salário de muitos empregados...): Criou uma "escala de gratificação" anual. Ou seja, quem ganhava MENOS, recebia MAIS de bônus. E esse pagamento era feito religiosamente (dizem que ele era um homem de muita fé...) em determinada data.
Mas...aí surgiram os "especialistas em gestão" dizendo que isso era totalmente errado. Acredite: Até empregados discordavam desse método! Para esses "intelectuais do mundo dos negócios", deveria prevalece aquela palavrinha horrorosa: Meritocracia. E, conta lenda, que teve até "colaborador" (outra palavra desgraçada...) que fez campanha pela meritocracia.
Qualquer pessoa bem informada sabe que, no Brasil (provavelmente em qualquer lugar do mundo) a tal "meritocracia" não funciona. Pelos mais diversos motivos: raciais, de gênero, de orientação sexual, de escala social. Ou seja, só a "meritocracia" daria uma tese. Não é esse o caso aqui...
Poisintão... O que muitos desses "gênios" também não percebem é que na meritocracia, muitas vezes a "casa sempre ganha" na hora de pagar o bônus.E, claro, diretor SEMPRE ganha mais do que carregador de piano. Mas aí também é outra história.
De volta ao nosso personagem da lenda: Ele procurou "tocar a firma" da maneira que achava mais justa, mais humana. No aniversário da empresa, sempre serviam bolo com coca-cola para os funcionários. Final de ano (em ano bom ou ruim para os negócios...) era "sagrado" um grande jantar que unia do jardineiro ao dono.
Quanta diferença! Hoje se gastam fortunas (em assessorias) pra "humanizar" as relações no local de trabalho. Esse era um patrão justo. Que muitos chamavam de "burro".