sábado, 8 de agosto de 2020

JORNALISMO: POR ONDE ANDAM OS ÚLTIMOS GRANDES (E VELHOS!) HERÓIS?

 

     Outro dia, vendo um cartaz com premiados num concurso sobre reportagens, uma coisa me chamou a atenção: Dos 16 "agraciados", só 3 tinham cara de ter mais de 45....50 anos. O restante era tudo "piazada". Guris e gurias. Fiquei perguntando aos meus botões: Onde estão os velhos e velhas homens e mulheres de imprensa?
    Aquilo ali deu um "panorama" de como estão as redações. Dominadas pela "jovem guarda", como diria minha finada avó que Deus a tenha... E a turma grisalha (ou sem cabelo...) foi parar onde? Bom...muitos foram mandados embora. Alguns decidiram "sair por conta própria" (por não estarem mais de acordo com "os rumos do new journalism"), outros se aposentaram. Alguns buscaram na internet (sites e portais), uma maneira de continuar se comunicando com os outros terráqueos, daquela velha forma do "jornalismo raiz".
    Ser jovem não é problema em nenhuma profissão. Competência e talento não se "medem" por idade. Nem de quem ainda é "novo", nem de quem já está "velho". Mas é preciso prestar atenção à algumas coisas: No caso específico do jornalismo, o profissional é como vinho. Vai melhorando com o tempo. É o tipo de carreira que se aprende com a experiência, com o conhecimento acumulado, com histórias vividas, com coberturas realizadas, com a cultura adquirida ao longo dos anos. Tanto para dominar assuntos quanto para escrever, editar e falar.
    O que se vê hoje é muita gente embarcando no trem da empolgação. A pessoa "se acha" porque "estão falando nas redes sociais que ele é muito bom...". Ou ainda: "Nossa, esse dá ibope. É bom jornalista!". Dar ibope não significa ser sinônimo de qualidade. Infelizmente, a TV aberta está cheia de exemplos. Nem tudo o que todo mundo vê é recomendável.
    Qual deveria ser a "redação ideal"? Aquela que  valorizasse os "medalhões" (os mais experientes), mas desse espaço para que a gurizada fosse ganhando experiência. É como um time: precisa vir a renovação, mas com critérios. 
    Aqui cabe um parêntese: Em muitíssimos casos, os veículos de comunicação "renovaram o pessoal" por economia. "Qualidade" pra patrão é economia no bolso, é pagar salários menores. O "piso" do sindicato vira o "teto". Se o jornal "rodar", se o jornal "for pro ar", é o que interessa. "Qualidade de texto não tem pressa!"
    A qualidade do texto (a "pedra fundamental" de qualquer reportagem) praticamente sumiu das Redações. Com uma exceção aqui, outra ali, jornalismo virou "papo de comadre e de compadre".
    Agora voltando à premiação no jornalismo: O maior prêmio que um "velho homem de imprensa" pode receber é o reconhecimento do talento e do trabalho dele. Como reconhecimento também se entenda um salário justo.