Para o "Show da Vida", o protesto "não existiu".
O programa da Globo fez a cobertura "básica", burocrática. Mostrou os aspectos legais, o drama da menina, as pressões que ela e os parentes sofreram e as investigações sobre o caso. Mas essa história vai bem mais além. Não é "só" um crime. Tem aspectos políticos e comportamentais. O Fantástico não mostrou, por exemplo, que grupos de extrema direita, de religiosos conservadores, fizeram um protesto em frente ao hospital contra o direito da garota.
Essa situação chamou tanto a atenção quanto a operação que foi realizada na criança. Por sinal, de acordo com o boletim médico, ela passa bem e está em recuperação.
Mas o Fantástico não foi nada bem nessa reportagem. Fica aqui uma dica de pauta (de graça): Por que não fazer novas reportagens discutindo a legalização (ou não) do aborto? A mobilização da sociedade brasileira em torno desse assunto.
Na Argentina, por exemplo, as mulheres são muito mais mobilizadas do que as brasileiras. Por lá, segundo o jornal La Nación, a maior parte da população é a favor do aborto (49% contra 40%). Há 2 anos, o Senado rejeitou uma emenda (aprovada na Câmara) que legalizava a interrupção da gravidez. O atual presidente, Alberto Fernández (eleito com o apoio dos movimentos progressistas), prometeu trabalhar pela descriminalização do aborto.
Há 2 anos, milhares de mulheres foram às ruas de Buenos Aires pedir a legalização do aborto