Juninho decidiu "dar um tempo" na vida profissional e não aceitou convites pra voltar ao futebol como dirigente. Um dos convites era do Lyon, da França, onde jogou.
Num longa entrevista ao jornal espanhol "El País", ele falou sobre jornalismo e política. Juninho deixou o canal pago Sportv (da Globo) depois de criticar alguns repórteres que cobrem clubes, os chamados "setoristas". Veja 3 trechos:
POSICIONAMENTO POLÍTICO
"Durante a Copa do Mundo, a Globo soltou um comunicado pedindo para que os funcionários tivessem cuidado com os posicionamentos políticos em redes sociais. Acho que, a partir do momento em que você tá em casa, a vida é sua. Você posta o que quiser. Jornalista que abre mão de rede social a pedido do patrão, indiretamente, vende seu caráter ao chefe."
"O BRASIL QUE EU...NÃO QUERO"
"Eu ganhava 60 paus lá na Globo pra trabalhar duas vezes por semana. Já estou em uma boa condição. Poderia ficar calado, feliz da vida e levando vantagem, já que o sistema só está me ajudando. Mas que felicidade é essa? O brasileiro perdeu a autoestima, anda de cabeça baixa na rua. Tem uma molecada aí de 20, 30 anos que ainda mora com os pais e passa o dia inteiro na frente da TV, uma geração desiludida. Não é esse o país que eu quero para minhas filhas."
"EX-JOGADOR QUE FOI POBRE, VIRA DE DIREITA, E APOIA BOLSONARO? NÃO DÁ!"
"Muitos brasileiros ignoram que outros foram torturados e assassinados na ditadura. É desesperador ver gente apoiando intervenção militar. O Exército existe para defender o país, proteger as fronteiras, não para matar brasileiro na favela. Eles não foram treinados pra isso. Dizem que eu defendo bandido. Mas a gente tem que parar com essa história de achar que todo crime é igual. Uma coisa é assassino, outra é o cara que rouba. Não posso colocar um jovem de 18 anos que roubou num presídio. Ali é categoria de base para o crime. Quando o cara sai, ele quer se vingar da sociedade. Por isso que eu me revolto quando vejo jogador e ex-jogador de direita. Nós viemos de baixo, fomos criados com a massa. Como vamos ficar do lado de lá? Vai apoiar Bolsonaro, meu irmão?"
Sobre possível censura interna na Globo, a emissora mandou uma nota para o "El País" negando isso:
"Como funcionário do Esporte da Globo, Juninho Pernambucano foi tratado sempre com profissionalismo e respeito, e jamais sofreu qualquer tipo de censura. A nota citada por ele na entrevista ao EL PAÍS e divulgada pela Globo afirmava, sem deixar margem à dúvida, que Juninho tinha direito à sua opinião, que era e continuaria sendo livre."
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