terça-feira, 11 de setembro de 2018

BETO RICHA: SEGUNDO MORO, "SÃO CRIMES DE GRANDE CORRUPÇÃO"

      As provas contra o ex-governador Beto Richa, do PSDB, não são frágeis. Pelo contrário. São fortes o suficiente pra prender o político tucano, a mulher dele, Fernanda, e o irmão dele, Pepe. Além de um "séquito" de ex-secretários. A afirmação é do juiz Sérgio Moro que mandou a polícia realizar a 53ª fase da Lava Jato no apê de luxo de Richa.
    A operação investiga o envolvimento de servidores públicos e de empresários com a empreiteira Odebrecht em uma "licitação favorecida" pra obras na rodovia PR-323 em 2014. Valor da obra: 7,2 bilhões de reais. Para Moro, "são complexas operações de lavagem [de dinheiro] em esquema criminoso que transcende o produto do crime de corrupção em questão. O contexto não é de envolvimento ocasional em crimes de corrupção, mas da prática de crimes de grande corrupção e de complexas operações de lavagem de dinheiro”.
    Ainda de acordo com o juiz, "as investigações “apontam o pagamento de, pelo menos, R$ 3,5 milhões para direcionar licitação em favor do Grupo Odebrecht, com utilização de sofisticado sistema de ocultação e dissimulação do produto do crime, inclusive com utilização de contas secretas no exterior. Não se trata, em princípio, de meras doações eleitorais não registradas, pois os pagamentos tiveram uma contrapartida, a atuação do chefe de gabinete do então governador para reduzir a concorrência da licitação para duplicação da PR-323 em benefício do Grupo Odebrecht”.
    O "então chefe de gabinete" é Deonilson Roldo que também está preso. Outro encanado é Luiz Antoun, primo de Richa, que ele sempre insistiu em chamar de "um parente distante".
    Todos vão ver o sol nascer quadrado nessa quarta-feira. Se é que vão conseguir ver o "astro rei", porque Curitiba quase sempre amanhece com céu nublado...
     (com informações do GGN)















Segundo Sérgio Moro, trata-se de “complexas operações de lavagem [de dinheiro] em esquema criminoso que transcende o produto do crime de corrupção em questão”. “O contexto não é de envolvimento ocasional em crimes de corrupção, mas da prática de crimes de grande corrupção e de complexas operações de lavagem de dinheiro”.
Contrapartida
O juiz afirma no despacho que as investigações “apontam o pagamento de, pelo menos, R$ 3,5 milhões para direcionar licitação em favor do Grupo Odebrecht, com utilização de sofisticado sistema de ocultação e dissimulação do produto do crime, inclusive com utilização de contas secretas no exterior”.
“Não se trata, em princípio, de meras doações eleitorais não registradas, pois os pagamentos tiveram uma contrapartida, a atuação do chefe de gabinete do então governador para reduzir a concorrência da licitação para duplicação da PR-323 em benefício do Grupo Odebrecht”, ressaltou Sérgio Moro.
Segundo o juiz federal, o quadro probatório apresentado pela Polícia Federal e Ministério Público Federal “é mais do que suficiente para caracterizar causa provável a justificar a realização de busca e apreensão nos endereços dos investigados”.
“Faço essa ressalva especialmente em relação às buscas atinentes a parte dos investigados, como o ex-governador do estado Carlos Alberto Richa, em campanha eleitoral para o Senado. Há provas que justificam as buscas, pois ele é apontado como beneficiário dos valores provenientes dos crimes e de um esquema de lavagem de dinheiro. Ressalve-se, porém, que ainda se trata de uma fase de investigação, a busca nela se inserindo, e que, portanto, não é possível, no presente momento, qualquer afirmação conclusiva quanto à responsabilidade dele”, apontou no despacho.
Prisões
No despacho, o juiz federal determina a prisão de Deonilson Roldo, ex-chefe de gabinete de Richa no governo do Paraná, e de Jorge Atherino, empresário acusado de ser um dos operadores do recebimento de propinas do ex-governador. Os dois foram detidos nesta terça-feira.
“Há, conforme análise já efetuada, prova suficiente de materialidade e autoria de crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, sendo que, em relação a Deonilson Roldo e Luciano Ribeiro Pizzato [delator do esquema], também há provas de autoria em relação ao crime de fraude à licitação”, destacou.
Na decisão, Sérgio Moro afirma que o volume das operações financeiras suspeitas de lavagem de dinheiro atribuídas a Deonilson Roldo e Jorge Theodocio Atherino parece transcender o crime de lavagem em relação a vantagens indevidas recebidas no contrato da duplicação da PR 323, “o que é indício de envolvimento em outros crimes de corrupção ou em lavagem de outros crimes de corrupção. A ilustrar, a movimentação financeira de mais de R$ 500 milhões das empresas de Jorge Theodocio Atherino e com mais quinze milhões recebidos em espécie”, apontou.
Segundo o despacho, Deonílson Roldo ocupou cargos relevantes no governo estadual e há indícios de que se envolveu na prática contínua de crimes de corrupção e de lavagem. “Como os mesmos esquemas de lavagem podem ter sido utilizados pelos beneficiários da vantagem indevida para ocultar e dissimular produto de outros crimes contra a administração pública, é legítima a realização de buscas e apreensões mais amplas”.
Patrulha Rural
Beto Richa, que é candidato ao Senado pelo PSDB, foi preso na manhã desta terça-feira (11) pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), por também ser alvo de outra operação, a Patrulha Rural, deflagrada pelo Ministério Público Estadual do Paraná. Além dele, sua mulher, Fernanda Richa, e seu irmão também foram presos.
Ao todo, foram expedidos cinco mandados de prisão temporária e 26 de busca e apreensão em Curitiba, Londrina, Santo Antônio do Sudoeste e Nova Prata do Iguaçu.
Procurada, a assessoria de Beto Richa informou que ainda aguarda orientações da defesa para se manifestar. A reportagem ainda não conseguiu contato da defesa de Deonílson Roldo.

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