quarta-feira, 18 de abril de 2018

A "REPÚBLICA VELHA DE CURITIBA", POR RICARDO COSTA DE OLIVEIRA

    Na rede social, o professor da Universidade Federal do Paraná, Ricardo Costa de Oliveira, fala sobre a "República Velha de Curitiba", seu provincianismo e suas "tribos fascistas"...
    
O atraso de parte de Curitiba não pode prender e impedir o avanço do Brasil moderno. Curitiba é uma cidade provinciana com a sua cultura e política ainda pairando na “República Velha”, com suas oligarquias familiares, como boa parte do Brasil. Nas várias Curitibas existentes há também a pequena cidade imigrante da Silésia dos anos 1920, com seus arruaceiros e torcidas organizadas de cunho fascista, lembrando os bandos da nazista SA e os autoritarismos de alguns alemães e outros poloneses daquela região. Boa parte da imigração europeia e asiática para Curitiba se originou de grupos sociais associados ao fascismo nas suas regiões de origem no final do XIX e início do XX. Para também sermos otimistas pensemos que há uma das Curitibas que se modernizou e apresenta caráter progressista, democrático e iluminista: boa parte da antiga Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da antiga Universidade do Paraná, depois UFPR. O maior antídoto contra o provincianismo reacionário que domina o governo, o sistema judicial, a mídia, clubes, associações, maçonaria, quase todas entidades empresariais e várias instituições curitibanas e paranaenses dominadas por formas de nepotismo e familismos conservadores, é o estudo aprofundado, teoria crítica, o pensamento cosmopolita, as viagens e conhecer o mundo por outras perspectivas e saberes modernos. Posso falar bem do assunto porque pertenço a uma das poucas famílias e varonias sobreviventes e originárias do “Antigo Regime” do período colonial do Sul do Brasil, descendente direto e legítimo de “homens bons” e dos fundadores de Curitiba, também descendo pela avó paterna de um bisavô imigrante germânico-silesiano em Curitiba, de modo que conheço intimamente e familiarmente bem todos estes “objetos sociológicos” de investigação por dentro. Ainda bem que nasci no Rio de Janeiro, passei a minha infância em Curitiba e depois passamos para outros centros, como todas as famílias estamentais militares das províncias tinham que passar pela antiga Corte do Rio de Janeiro e depois pela nova, em Brasília. A minha análise e o “meu lugar de fala” são os de alguém que conhece Curitiba por dentro e por fora, das chácaras locais às grandes capitais e também a mirada do exterior, de estudos universitários em Londres e na Unicamp (sempre “quebrei o pau” por onde passei). Boa parte da UFPR crítica é um espaço de renovação, de ciências e saberes novos, com a grande maioria de professores e estudantes das Humanas e áreas afins não apresentando vínculos familiares anteriores com a velha Curitiba provinciana. Eu devo ser um dos poucos professores atuais, nestes novos setores científicos da UFPR, a ter tido parentes professores na UFPR, nas gerações passadas, porque ocorreu uma grande transformação, uma mudança social e de pensamento na universidade. Estes novos setores e campos científicos na modernização da UFPR deveriam ser um exemplo de mudança de qualidade e excelência para as instituições carcomidas e reacionárias da velha Curitiba, tipo o núcleo de personalismo do velho poder no executivo, legislativo, judiciário, mp, jornais, mídia, clubes, algumas lideranças empresariais e outros espaços mediocremente atrasados, provincianos, parvos e golpistas na atual conjuntura.

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